Foto: José Aldenir
Roberto Campello
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Ano após ano, a situação se repete em frente da Escola Municipal Quarto Centenário. Pais são obrigados a acampar na calçada para tentar conseguir uma vaga para se matricular na instituição. À noite, é comum encontrar colchões espalhados pela calçada. Durante o dia, cadeiras e guarda sol são utilizados para proteger do sol. Na manhã desta terça-feira (13), cerca de 50 pessoas aguardavam a entrega das fichas, prevista para acontecer hoje à tarde, a partir das 14h. No entanto, a escola informou que só há 35 vagas disponíveis para 2015. Para agravar ainda mais a situação, há pessoas na fila que estão comercializando as fichas. O valor chega a custar R$ 200,00.
A Escola Municipal Quarto Centenário, que funciona nas dependência de uma universidade privada, recebe alunos das escolas municipais Antônio Campos, Henrique Castriciano e Lauro Maia, localizadas na zona Leste de Natal. A reportagem d’O Jornal de Hoje tentou entrar em contato com a direção da escola, mas foi informado de que o expediente só funcionava no horário da tarde.
A mãe Jussara Ferreira está desde sábado (10) de madrugada para garantir uma vaga para a filha de treze anos, no 6º ano do Ensino Fundamental. Ela considera que vale a pena dormir em uma fila para garantir uma escola de qualidade para a filha. “Essa é uma situação muito humilhante, mas vale a pena porque é uma escola organizada, de qualidade, que tem regras e onde sabemos que nossos filhos realmente aprende. Todo esforço é válido para garantir o futuro da minha filha”, afirma.
A professora Cleyane Galvão esteve na manhã de hoje em frente a escola em solidariedade aos pais que acampavam em frente a escola. Ela leciona na Escola Municipal Henrique Castriciano e foi professora de boa parte dos alunos que agora buscam uma vaga no Quarto Centenário. “Eles têm a visão de que uma escola regida pela iniciativa privada pode oferecer aos filhos dele uma educação de qualidade. E realmente esta escola é muito boa, porque a gestora tem uma autonomia que as demais não tem, mas também temos outras escolas tão boas quanto esta”, destaca.
Cleyane conta que sempre incentivou os alunos a procurar a escola, por entender que nela eles podem dar continuidade ao aprendizado. “Hoje, venho aqui compartilhar a angústia e a luta por essa vaga. Mas acredito que a seriedade que é aplicada nesta escola pode ser encontrada em outras, porque sempre encarei a educação com muita seriedade”, ressalta a professora. Ela conta que na Escola Municipal Henrique Castriciano, nas Rocas, não há filas, mas também não há mais vagas para este ano. “A Secretaria de Educação tem que encontrar um mecanismo de forma a garantir uma educação pública de qualidade a todos, de forma igual”.
A dona de casa Sandra Garcia chegou às quatro horas da madrugada de hoje para tentar uma vaga para o filho, Thiago Felipe, de 10 anos, para o 6º ano do Ensino Fundamental, mas foi informada que talvez não tenha mais vaga. “Tenho um filho de oito meses e não podia vir dormir aqui com ele para arriscar a minha vida e a dele. Vim hoje cedo para tentar, mas é muita humilhação e descaso com a população”. Sandra conta que ofereceram uma ficha para ela no valor de R$ 200, 00 mas ela recusou. “Não acho justo pagar por aquilo que temos direito. Já pagamos tanto imposto e ainda ter que pagar para conseguir colocar meu filho em uma escola pública”.
A vendedora ambulante Ana Rosa também só pode ir a escola na madrugada de hoje e estava indignada com a informação de que não conseguiria uma vaga para a filha, Alexssandra Alves, de 14 anos. “É muito humilhante. A minha filha quer estudar e não tem vaga para ela”, conta a mãe. A estudante se mostrou triste com a falta de vaga. “Queria construir meu futuro nessa escola, mas está complicado”, lamenta.
A vereadora Eleika Bezerra, presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Educação, tem acompanhado de perto esse processo de déficit das vagas nos CMEI’s e Educação Fundamental. A professora acredita que os convênios com instituições filantrópicas e privadas, que eram realizados no passado, poderiam ser uma solução em curto prazo para minimizar o problema.
“As filas demonstram que a coisa não está bem, mas também mostra que a população está preocupada com uma educação de qualidade para o seu filho. Vemos filas nas escolas que é conhecida por ofertar uma educação boa e de qualidade. Já que o poder público não tem condições de ofertar vagas para todas as escolas esse seria um bom caminho”, destaca a vereadora Eleika Bezerra.
Fonte: Portal JH
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