OS NÚMEROS DÃO UMA MÉDIA DE 4,7 HOMICÍDIOS POR DIA, MAIS DE 100 HOMICÍDIOS JÁ FORM REGISTRADO SÓ NO MÊS DE JULHO DE 2014
O Rio Grande do Norte
alcança a lamentável marca de 1.000 homicídios nesta sexta-feira, 18 – e ainda
foram somados mais três casos até a manhã deste sábado, 19. Comparado ao mesmo
período do ano passado, foram 11% a mais de mortes associadas a ação criminosa.
Somente na Região Metropolitana de Natal ocorreram 605 homicídios, e na
capital potiguar 336.
Os dados são da
Comissão Estadual de Direitos Humanos, com informações da guia de delegados,
boletins de ocorrência e entradas no Instituto Técnico-Científico da Polícia do
RN (Itep).
Entre a nongentésimo e
milésima vítima houve um curto período de apenas 16 dias. Em julho já ocorreram
103 homicídios no Estado, apresentando uma taxa de mais de 5 mortes por dia
neste mês. A morte número mil foi o caso do suspeito de assalto, Kledson
Hananel de Lima Fernandes, 23, que morreu após troca de tiros com a Polícia
Militar, entre Parnamirim e São José de Mipibu. Mas, a mais recente, até o
fechamento desta edição, foi o caso em Nova Descoberta. Wanxsoel Derik França
Teixeira, 24 anos, já respondia por um homicídio e foi morto após briga
em festa junina no bairro.
Destes homicídios,
85% foram vítimas de arma de fogo, 8,3% de arma branca, 2,2% dos casos foram
vitimadas por espancamento, e a mesma proporção foram usados outros métodos não
catalogados pela pesquisa. Já, 1,4% de ações contundentes com objetos, como
pedras, paus, barras de ferro.
Das vítimas
identificadas, a maioria é homem, solteiro, negro, e da região leste do Estado,
com 63% dos casos. Onde, inclusive, está localizada Natal, a cidade com maior
índice do crime em todo o Estado. Quase 60% das vítimas pertencentes à faixa
etária compreendida entre 15 e 29 anos de idade, as acima dessa faixa 32,3%, ou
seja, 61,1% pertenciam à população jovem do Estado.
Somente a capital
potiguar computa 336 – a segunda cidade colocada é Mossoró com 98 casos. Sendo
seguido por Parnamirim com 84, São Gonçalo do Amarante com 46, Macaíba com 35.
Nestas estatísticas da Comissão, mais de dez casos não fazem parte do estudo,
por falta de informações de confirmação.
Para Ivênio Hermes,
pesquisador da Comissão de Direitos Humanos do RN, os índices mostram a
necessidade de se repensar as ações de segurança no Estado. “Esse aumento de
onze porcento significa que as políticas públicas criadas para o Estado não tem
funcionado. As autoridades já deviam ter repensado suas ações”, avalia.
Para ele, a
interiorização não “existiu”, foi apenas “uma troca de efetivo. O aparato
tecnológico do ITEP também não teve sucesso, pois “continua sem os equipamentos
e precisando enviar exames de dna para outros estados”. Ele ainda alerta que
falta policiamento ostensivo e diferenciado, especialmente utilizando as
estatísticas.
Matéria de Daísa Alves no Tn Online