Nascido no bairro das Rocas, o jogador de futebol Torona decidiu organizar o “Futebol da Gente” para crianças e adolescentes do bairro. Com oito meses de existência, o projeto possui 25 crianças e a procura só cresce.
“Eu quero resgatar o futebol do bairro e tirar a garotada do mau caminho”, resumiu sua iniciativa. Treinando três vezes por semana (terças e quintas à noite e sábados, pela manhã) na areia da Praia do Meio ou na quadra de futebol de salão à beira-mar, Torona conta que já conseguiu observar alguns prováveis astros do esporte no futuro.
“Tem quatro ou cinco que tem talento e condições de seguir mesmo. São muito habilidosos”, contou. Mas para isso, é necessário um mínimo de apoio ao desenvolvimento desses talentos.
Segundo o meia-atacante, os próprios pais e os instrutores – Torona e Caquinho, outro jogador de futebol nascido nas Rocas – fazem “vaquinhas” para comprar o material esportivo necessário.
Por enquanto, o projeto dispõe apenas de seis bolas e alguns cones para o treino de fundamentos. “Por exemplo, a gente precisa de mais bolas para fazer o trabalho de fundamentos. O ideal seria cada um com uma bola”, disse. Também é necessário um lanche pós-treino para as crianças e água. Em geral, essa refeição é à base de frutas.
Em busca de apoio privado e sem nenhuma ajuda governamental, o jogador acredita que é preciso que as autoridades públicas deem mais valor à prática esportiva e a coloquem como um dos caminhos para a superação das dificuldades sociais. “Falta só eles abrirem os olhos [poder público] e sentir aquela vontade que as crianças têm em ser Ronaldinho, Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo. Eu queria que eles acordassem”, comentou.
O craque que se revelou profissionalmente no Alecrim afirma que a intenção também é manter a tradição do bairro no futebol potiguar. “As Rocas é um grande celeiro de futebol do Rio Grande do Norte, como os irmãos Pancinha e Saquinho, Sérgio Poti (estrelas do América), Rodriguinho que hoje está em Dubai”, destacou.
Torona não cobra nada das crianças, a não ser que estudem e tenham um bom desempenho escolar. “Eu falo com os pais principalmente. Se tirar nota baixa, não treina. Ano passado ficaram quatro em recuperação e não foram treinar. Mas eles estudaram, passaram e no final do ano a gente fez um churrasco para comemorar”, contou.
Mesmo sem retorno financeiro, o jogador tem o retorno afetivo em ver as crianças e adolescentes alimentando a mesma paixão que ele tem pelo futebol. “Fico muito feliz em poder ajudar essa garotada e passar meus conhecimentos. É muito gratificante. A gente sabe que tem aqueles de mente mais fraca que podem ir para o mau caminho e o esporte pode livrar eles disso”, falou.
Também sem ganhar nada em troca, Torona utiliza o que aprendeu como nos treinos físicos como atleta para repassar um pouco do que aprendeu para outras pessoas em treinos funcionais na praia. Apesar de profissional, essas atividades voluntárias revelam um desejo antigo. “O meu sonho é me formar em Educação Física para ajudar ainda mais as pessoas”, disse.
O idealizador do projeto ainda está na ativa. Nos próximos dias, Torona viajará para Manaus, onde irá defender um time criado recentemente e de mesmo nome da capital do Amazonas. Nesse período, o amigo e colega de profissão Caquinho ficará à frente do “Futebol da Gente”. Os interessados em ajudar podem ligar para os telefones (84) 8832-3941 (Caquinho) ou mesmo os de Torona: (84) 9936-3758/8879-3592.
Profissionalizado em 2005, Torona iniciou sua carreira no Alecrim Futebol Clube aos 21 anos de idade. Antes disso, foi jogador dos times de base do São Paulo (SP), Fluminense (RJ) e Botafogo (RJ). Também já teve nos dois maiores times do Rio Grande do Norte depois que se tornou profissional, assim como o Baraúnas de Mossoró. Também passou por times da Paraíba, Rio de Janeiro (Exemplo: São João da Barra) e Pará (São Raimundo) como profissional.
Fonte: Portal JH
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