Uma pesquisa realizada recentemente pelo
Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Larhisa), da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que realiza um trabalho permanente
de investigação na qualidade da água do Estado, traz um alerta em relação à
água utilizada em Natal para consumo humano. O levantamento apontou que 10% das
amostras de água da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) continham
presença de coliformes fecais, enquanto que nas águas minerais analisadas este
índice é ainda mais assustador: 40%. O monitoramento feito pelo laboratório já
indicava que, nos últimos anos, a qualidade da água servida pela Caern vem
melhorando, enquanto que a água mineral vinha perdendo qualidade. Apesar dos
dados apresentados na pesquisa, a Vigilância Sanitária do RN, órgão responsável
por fiscalizar a qualidade de água comercializada, garante que a água mineral
potiguar é livre de coliformes fecais.
A pesquisa foi realizada em Natal, em todas as regiões
administrativas, através de critérios estatísticos, onde é sorteado o bairro,
através de setorização, e um novo sorteio indica o domicílio a ser investigado.
O pesquisador foi até a residência e coletou uma amostra de água servida pela
Caern, colhida diretamente da torneira, e outra amostra de água mineral,
colhida da mesma forma como o usuário retira a água, quer seja diretamente do
garrafão, de um suporte ou do gelágua. O levantamento foi realizada em 50
domicílios. A pesquisa também foi motivada pelas inúmeras reclamações feitas
pelos consumidores ao PROCON em relação a qualidade da água mineral.
O professor Manoel Lucas, um dos
responsáveis pela pesquisa, ressalta que a presença de um alto índice de
coliformes fecais na amostragem, não significa que a água mineral que está
sendo comercializada, esteja contaminada. Ele acredita que dificilmente a
contaminação por coliformes fecais seja oriunda dos mananciais. “Muito
provavelmente essa contaminação pode ser feita no manuseio desse garrafão, pois
as pessoas não fazem o manuseio da forma correta, limpando com álcool. Além
disso, não sabemos se no meio do caminho essa água está sendo falsificada pelos
distribuidores. Esta pesquisa vai orientar outras investigações, que poderá
indicar, futuramente, onde está água está sendo contaminada, mas o menos
provável é que seja da fonte”, explica Manoel Lucas.
“Caso o usuário queira continuar utilizando a água
mineral para consumo humano ele terá que obedecer a determinadas regras, se não
ele vai estar jogando dinheiro fora. Ele está comprando água e transformando
ela em uma água pior do que a que está sendo servida pela torneira. As pessoas
bebem água mineral tentando fugir do risco da água da Caern, quando na
realidade, hoje, o risco não existe. As pessoas estão jogando dinheiro fora sem
nenhuma necessidade”, destaca Manoel Lucas, pesquisador da UFRN.
O professor Manoel Lucas explica que a água de consumo
humano tem que ser analisado levando em consideração uma série de parâmetros,
como presença de Coliformes Fecais, Nitrato e o grau de pH da água analisada,
por exemplo. Hoje, a Caern conseguiu colocar todos os parâmetros dentro da
resolução 2.914, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de
controle e de vigilância da qualidade de água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade. Em relação a coliformes fecais, o índice aceitável para
consumo humano é a ausência. Estatisticamente, segundo o professor, os índices
de nitrato estão normalizados.
“A decisão sobre a escolha de qual água deve ser
consumida é pessoal, mas hoje, de posse dos dados que eu tenho, recomendo que
pode se beber água servida pela Caern sem maiores riscos. A radiografia que
temos hoje indica que a água da Caern apresenta menos riscos do que a água
mineral”, afirma o especialista. Para quem optar beber água da torneira, o
recomendado, segundo o professor, é optar pela que vem direto da rua, ao invés
de usar a dos reservatórios (caixa d’água).
Em relação ao pH da água, o professor Manoel Lucas
explicou que a portaria do Ministério da Saúde estabelece que, para consumo
humano, o pH da água tem que estar entre 6 e 9,5. Todas as águas minerais
comercializadas já trazem no próprio rótulo o índice de acidez da água. A
maioria dela traz um pH da água é abaixo de 6. “Portanto, essa água já não
deveria ser consumida e isso pode estar trazendo um dano à saúde coletiva muito
forte, pois menor que o aceitável traz riscos”, explica. No entanto, o
levantamento apontou que o pH das águas minerais analisadas foi acima de seis.
“Na pesquisa, esse índice foi favorável e isso é motivo de uma nova
investigação, pois essa água pode ter sido adulterada, já que trouxe um número
acima do que o indicado por eles mesmo no rótulo”, afirma o pesquisador Manoel
Lucas.
Vigilância Sanitária
A fiscal sanitária da Vigilância Sanitária, Maria Célia
Barbosa, disse que ainda não teve acesso aos resultados da pesquisa realizada
pela UFRN, mas que, pelas informações iniciais, a metodologia aplicada
diferente da que o órgão de fiscalização realizada. Trimestralmente, a
Vigilância Sanitária coleta dados dos garrafões, diretamente dos pontos de
compra do consumidor, como estabelece a legislação.
“É uma metodologia e os resultados também, pois a água
mineral comercializada no Rio Grande do Norte é livre de contaminação,
principalmente por coliformes fecais. Realizamos uma fiscalização permanente,
com técnicos da vigilância, no sentido de garantir e atestar a qualidade da
água servida”, afirma Maria Célia Barbosa.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas e
Águas Mineral do Rio Grande do Norte, Djalma Barbosa da Cunha Júnior, disse que
ainda não conhece o teor da pesquisa e que só irá se pronunciar após analisar o
conteúdo e metodologia aplicada na análise.
Fonte: Portal JH
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