As obras de reestruturação e urbanização da orla da Praia do Meio, em Natal, não foram suficientes para esconder um antigo problema que frequentemente ocorre na região: o impacto da forte ação do mar. Na última sexta-feira (20) mais uma estrutura do calçadão cedeu, causando um incidente que, segundo populares, quase atingiu duas barracas na areia da praia. Apesar do risco, ninguém saiu ferido.
O desmoronamento foi causado pela erosão marítima e a área está interditada. A ação das águas do mar desgastou parte do sedimento que constitui a estrutura do calçadão, por baixo da fundação do muro de contenção. Ao desgastar a estrutura, o constante movimento das ondas do mar pode quebrar pedaços de rocha, e em seguida, fazê-los rolar constantemente de um lado para o outro, até o momento em que são empurrados na direção da praia.
O engenheiro Fernando Amorim, encarregado da empresa Ramalho Moreira, responsável pelas obras de urbanização na Praia do Meio, explicou que a recuperação do calçadão não faz parte do escopo da obra contratada pela Prefeitura de Natal. “Isso que aconteceu não tem nenhuma relação com o nosso serviço que foi realizado, nem será de nossa responsabilidade corrigir o problema”, comentou com a reportagem d’O JORNAL DE HOJE.
Apesar de não ter responsabilidade, Fernando conta que a empresa alertou a Prefeitura sobre o risco desse incidente vir a acontecer, devido às rachaduras encontradas no local. “Não é só essa parte que corria risco. O Mirante também pode ceder a qualquer momento. Se a Prefeitura não agir rapidamente, ele irá ceder. As cerâmicas estão todas trincando”, afirmou.
Em contato com o JH, o secretário municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), Tomaz Neto, reconheceu a responsabilidade da Prefeitura e informou que a Secretaria já está elaborando um projeto para recuperar o mais rápido possível a estrutura danificada.
“Estamos finalizando o projeto e já na próxima semana queremos chamar as empresas para apresentarem suas propostas. Tenho consciência de que isso não poderá ficar desse jeito e estamos trabalhando para resolver o mais rápido possível. Estou dando o prazo máximo de 15 dias para iniciar essa recuperação”, afirmou.
Ainda segundo Tomaz Neto, será elaborado um estudo para a orla da zona Leste da cidade, proporcionalmente parecido com o que existe na Praia de Ponta Negra, para impedir que a água do mar volte a atrapalhar as construções.
A empresária Maria Luiza Barros, 32, trabalha com turismo e comentou a necessidade de Natal se mostrar de forma segura aos turistas. Ela, que caminha todos os dias na Praia do Meio, disse que já foi vítima de buracos existentes no calçadão.
“Sei que o investimento da Prefeitura foi grande nessa obra de urbanização, mas do que adianta isso tudo se nós não nos sentimos seguros ao passar por aqui? Já presenciei várias construções nessa orla e sempre me deparo com situações precárias como essa”, disse. “A orla está linda, como nunca vi. Mas é preciso estruturar melhor os espaços públicos para que problemas como esse não voltem mais a acontecer”, afirmou.
Há alguns dias de passeio por Natal, o casal de turistas Ieda e Alcides Oliveira, de São Paulo, também consideraram que o papel da Prefeitura é de conservar a estrutura existente. “Como deixar que um problema desses ponha em risco essa maravilhosa estrutura que foi instalada aqui? Isso dá uma má aparência para a cidade”, afirmou Ieda.
Alcides, que também elogiou a urbanização da orla da Praia do Meio, chamou atenção para outros problemas visualizados nas praias de Natal. “Por onde a gente andou, encontramos lixo espalhado. Sei que isso é uma questão de educação de cada pessoa, mas não custa nada para a Prefeitura colocar placas de orientação. Segurança também está em falta. Se não fosse por isso, acredito que essas praias seriam mais frequentadas”, disse.
Fonte: Portal JH
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