terça-feira, 5 de maio de 2015

Brasileiro se arrepende de ter escapado da pena de morte na Flórida


7I46I4I
Há 21 anos, tudo que o brasileiro Osvaldo Almeida, de 41 anos, vê pela janela são grades e arames farpados. Ele cumpre a pena de prisão perpétua na cidade de Century, no norte da Flórida.
Osvaldo foi condenado à pena de morte depois de cometer três assassinatos, todos na região de Fort Lauderdale, nos anos 1990. Há 15 anos, o brasileiro recorreu da pena de morte e conseguiu ter sua pena revertida para a prisão perpétua. Mas, hoje, ele diz que se arrepende.
“Eu pensei que a prisão ia ser melhor, vida é melhor que morte, mas eu não sabia como ia ser a vida na prisão. Não tem nada para fazer. Aqui é exercício, assistir televisão e ler”, ele diz. “Já paguei pela minha pena”, afirmou Almeida ao programa “Fantástico”, da Rede Globo.
Em outubro de 1993, Osvaldo matou a prostituta Marilyn Leath. Uma semana depois, assassinou com tiros outra prostituta, Chequita Kahn. A última vítima foi Frank Ingargiola, gerente de um bar que se negou a vender bebida para Osvaldo.
“Eu era uma pessoa muito diferente nessa época, eu não tinha Deus na minha vida. É realmente difícil explicar isso. Até eu mesmo não entendo”, disse ele, completando que se arrepende dos crimes.
Reverter a pena de morte é o desejo de 3.019 detentos que hoje esperam no corredor da morte nos EUA. No caso de Osvaldo, o juiz disse que a polícia cometeu erros que podem ter influenciado no julgamento.
A defensora pública Katherine Puzoni, que tem clientes no corredor da morte, diz que nunca ouviu um caso como o de Osvaldo. Ela acha que não é legalmente possível a Justiça fazer o que o brasileiro quer: reverter a decisão.
No máximo, ele pode apelar à Suprema Corte federal pela liberdade e pedir clemência ao governador, mas a defensora pública diz que é muito difícil o brasileiro acabar sendo solto.
Infância entre EUA e Brasil
Osvaldo, que nasceu em Boston, é filho da brasileira Severina Gamboa, e de um português. Aos 5 anos, depois que os pais se separaram, foi morar no Recife com o pai. Aos 12, voltou para os Estados Unidos, levado pela mãe, e virou cozinheiro.
Hoje, a mãe de Osvaldo, que é cabeleireira aposentada, vive em Orlando. Em entrevista ao Fantástico, em 1997, Severina Gamboa explicou que o filho tem um histórico traumático, pois fora abusado sexualmente pelo irmão da madrasta.
Ela não disse ao filho que concorda que ele prefira a pena de morte em vez de passar a vida na cadeia. “Eu ainda não disse a ele que concordo, mas no fundo, no fundo do meu coração, eu concordo, porque eu não quero ver ele nesse sofrimento”.



Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário